domingo, 21 de dezembro de 2008

Entrevista com Gabriela Lian

Temos essa semana uma entrevista com a rpórter Gabriela Lian deu para o site da faculdade em que estudou. Está muito legal a esntrevista, ela fala de várias coisas, de como começou e tal. Leiam.

NO CAMINHO CERTO


Dedicação é a palavra-chave para tudo o que a repórter Gabriela Lian faz


“Eu nunca fui uma aluna brilhante, de tirar dez em qualquer texto que escrevia. Eu tinha que ralar muito e o meu espaço foi conseguido com muita dedicação”. Assim, a jornalista Gabriela Lian, do programa Profissão Repórter, da Globo, resume o modo como chegou onde está, trabalhando ao lado de um dos jornalistas mais admirados dos estudantes deste ofício, Caco Barcellos.

A repórter de 25 anos, formada pela Cásper em 2005, esteve presente no primeiro dia da Semana de Jornalismo deste ano, ao lado do veterano Ricardo Kotscho, em uma palestra que debateu os caminhos da reportagem. Lá, Gabriela passou aos alunos uma visão otimista da profissão e da dedicação com a qual a pratica. “A dedicação não vai te prejudicar, ela só vai te beneficiar. Se você é brilhante é melhor para você. Se você for brilhante e dedicado, o caminho está certo”.

Gabriela falou da paixão pela profissão, das dificuldades, das boas recordações que guarda dos tempos em que estudava na Cásper e, claro, do chefe, Caco Barcellos.


Pergunta clássica: por que jornalismo?
É uma pergunta que a maioria das pessoas não consegue responder, eu acho. Sempre tive dificuldade com números e desde criança eu gostava de escrever. Minha avó falava para eu fazer Direito. Ela sempre quis uma neta advogada, mas eu nunca tive interesse. Não tinha nenhum jornalista na minha família, eu não conhecia nenhum jornalista. Resolvi traçar um caminho próprio.


O que você guardou da formação que teve aqui na Cásper?
Em 2003 [quando estava no segundo ano], a gente viu muitos professores bons saindo, mas outros bons professores chegaram. Eu adorei o curso e o fiz com bastante empenho. Quando eu penso no curso que eu fiz, fico muito satisfeita. Eu poderia ter me dedicado mais, mas eu guardo recordações muito boas de tudo que eu participei aqui dentro.


Depois de formada, você teve alguma decepção quanto a carreira, como a maioria dos jovens jornalistas?
De maneira nenhuma. O mercado não é como a gente gostaria que fosse. Não tem espaço para todo mundo, nem sempre você vai fazer o jornalismo que tem vontade. Isso acontece em qualquer veículo. Por isso, a gente se frustra um pouco, mas a vontade de fazer mais e fazer direito é maior. Se você se empenha muito, o mercado te abre uma janelinha e você pula para dentro e aproveita a oportunidade.


Durante a palestra, você mencionou que as suas primeiras experiências profissionais, quando ainda estudava, a deixaram desiludida. Conta como foram essas experiências?
Trabalhei no Site da Ione Borges, criado para ela, sem vínculos com a Gazeta. Era um site voltado para mulher. Acho que fiquei seis meses. Depois fui trabalhar em comunicação interna. No site eu fazia pesquisa na internet, não ia a campo. Tudo isso me deixava um pouco frustrada. Eu sentia que eu ficava fazendo as coisas em função do que eu lia e você não pode confiar no que você lê. Depois eu fiz um bico de uma semana na Fórmula 1, que me deu oportunidade de conhecer o genro do Galvão Bueno [Claudio Graminho], que me convidou para trabalhar com ele.


Como foi isso?
O pessoal que era responsável pela assessoria, pela sala de imprensa da corrida, precisava estudantes que falassem inglês, francês e que pudessem chegar às 6h da manhã e ficar até às 23h durante uma semana. Eu soube disso por meio de um amigo e fui até lá fazer um trabalho de Relações Públicas mesmo. Então, pedi demissão [da Listel, onde trabalhava com comunicação interna]. Meu chefe até me perguntou se eu não queria tirar uma licença, para depois voltar, mas eu tinha uma idéia fixa, então eu recusei.


Qual era essa idéia?
Durante uma semana eu vou estar em uma sala de imprensa com 250 jornalistas do mundo inteiro, não era possível que eu não iria conseguir nada. Fui com essa idéia de fazer contato, pegar e-mail, falar do meu trabalho, do meu interesse. Numa dessas deu certo.


Como aconteceu?
Certa vez, eu estava falando com um jornalista da Folha que eu fazia jornalismo, o quanto eu queria trabalhar na área. Eu fui levando o jornalista até a mesa. Daí ele brincou falando “olha gente, ela faz jornalismo, ela quer emprego”. Teve uma pessoa que levantou e falou que ele precisava de alguém, mesmo. Ele perguntou se eu fazia jornalismo mesmo, pediu para eu mandar meu currículo. No dia seguinte, eu levei meu currículo para ele. Era o genro do Galvão Bueno [Claudio Graminho]. Aí deu certo. Eu fazia o site do Galvão. Então, toda vez que tinha uma corrida ou um jogo eu ia para a Globo, atualizava a matéria do jogo.


Não era um contrato direto com a Globo?
Não. Eu era funcionária dele, e prestadora de serviços da Globo, porque eu tinha que ter acesso para poder fazer meu trabalho. Do site eu fiz assessoria de imprensa para os filhos dele [Cacá e Popó Bueno] que são pilotos da Stockcar.


Foi nessas idas e vindas que você foi fazendo contatos dentro da Globo?
Sim. Eu trabalhava em uma ilha da internet e dividia a ilha com outras pessoas. Elas me viam fazendo aquele trabalho. Quando precisaram de alguém, lembraram de mim, porque eu sabia mexer naquelas ferramentas todas.


Daí para o Profissão Repórter, como foi o processo?
Eu já estava fazendo o site do Jornal Hoje. Era para eu fazer um mês, depois me pediram para ficar mais um mês, até que me pediram para dobrar, porque não queriam que eu saísse do trabalho que eu fazia para o Galvão, mas eu não quis dobrar, então eu fui falar com o meu chefe [Cláudio Graminho]. Ele me disse que as portas não estavam abertas para mim, porque ele não tinha nada para me oferecer e ele queria que eu fosse para a TV Globo e que eu fizesse minha carreira lá. Então eu fiquei como prestadora de serviços para a Globo um mês, depois outro. Completados três meses eu tinha que sair ou ser contratada pela emissora. Daí eu fui contratada por três meses. Depois renovaram meu contrato para mais três meses.


Você ficava tensa com essa situação?
Ficava. Mas eu sabia que se tivesse sido apenas um mês eu teria já aprendido bastante. Eu fui tirando esse proveito para mim.


E como você foi parar no Profissão Repórter?
Certa vez eu tive a oportunidade de ficar uma semana na produção da Globo News, dobrando. Então, eu chegava às oito horas da manhã e ficava no Jornal Hoje até 15, 16 horas da tarde. Depois ficava na GloboNews das 16h até às 22h. Era uma semana, depois foi mais uma. No fim, foram quatro meses dobrando.


Como você conseguiu?
Eu sabia que era a oportunidade para eu crescer dali. Numa dessas, apareceu a oportunidade de fazer uma produção na rua, em um domingo que ninguém queria ir. Eu fui. Essa produção acabou rendendo um VT [video tape]. O diretor viu, pegou minha fita e indicou ao Caco. No dia seguinte vieram o diretor, que era o Marcel [Granier] e o Caco falar comigo.


O Caco te procurou?
Eu estava fazendo o site, ele parou ao lado do meu computador e perguntou se eu tinha uma horinha para conversar com ele. Claro, agora! Ele foi super bacana e queria saber do meu interesse pelo programa, pela proposta. Ele ficava perguntando algumas vezes: “você realmente gostaria, você realmente tem interesse?”. Eu não estava acreditando que o Caco Barcellos estava perguntando se eu gostaria de trabalhar com ele [risos]. Não sei se ele tem consciência de quem ele realmente é. Eu topei, ele pediu uma experiência. Como o meu contrato ia vencer, eu pensei, é agora ou não é mais. Eu tinha quinze dias para fazer uma matéria. Eu fiz e me contrataram, mas tudo era muito incerto. Primeiro era um quadro no Fantástico, depois era um programa esporádico, mas eu topei...


Qual foi a sua reportagem de estréia?
O primeiro programa que eu produzi foi sobre cirurgia plástica, que demorou a sair, por que demorou a achar um personagem. Nesse meio tempo, que estava tudo pronto para ir ao ar, mas estava esperando na fila, teve a vinda do papa aqui no Brasil, que era um factual, que a gente gravava, editava e ia ao ar na mesma semana. Até porque eles queriam ver logo a minha estréia, então eu já fui gravar. Essa, então, foi a minha estréia.


A Rede Globo sempre foi criticada por fazer um jornalismo dito não muito isento. Você, que está lá dentro, como vê isso?
A Globo tem um formato concreto de fazer jornalismo, porque eles viram que aquilo dá certo, mas é um jornalismo bom. Na verdade, o Profissão Repórter é diferente mesmo, mas é simplesmente uma outra forma de fazer. Isso não significa que a Globo deve ser criticada pelo jornalismo que faz. Ela faz coisas muito boas, tem profissionais muito bons ali.


Como é trabalhar com Caco Barcellos?
O Caco é genial, é uma pessoa incrível. A experiência que ele tem com jornalismo é uma coisa que a gente leva muito em consideração. As sugestões dele são muito comedidas. Ele fala, “olha eu acho que uma das formas de fazer é assim...”, mas quando ele fala, já aceitei, já achei genial. Ele tem uma maneira delicada de falar com as pessoas. Além da ética que ele tem com o jornalismo.


Em entrevista concedida a revista Trip, ele disse que adora trabalhar com jovens. Você percebe isso?
Percebo, porque o Caco é jovem. O Caco é um garoto fazendo jornalismo com cabelo branco. A paixão que ele tem pela profissão não se vê por aí em um repórter com 60 anos de idade. O Caco gosta da rua. Ele tem uma vitalidade que muitas vezes eu não tenho. Ele faz coisas que eu não agüento. O Caco se dá bem com jovem porque ele é muito jovem.


Você falou que ele não tem muita noção de quem ele é. Você tem noção com quem você trabalha?
Eu sou uma super admiradora. Mas, claro, eu me contenho. A gente fala pra ele, que ele é o máximo. Está estampado no nosso rosto o orgulho que a gente tem desse chefe. Mas no dia-a-dia você acaba se acostumando. Ele é um companheiro mesmo, porque ele não tem essa figura de chefe. O que existe é muito mais uma troca. Ele é muito acessível

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